Disseram que não viralizo porque tenho o mesmo companheiro há 37 anos e sou monogâmica. É verdade, que desde 1985 estou continuamente, sem interrupção convivendo e amando Luís Fernando.
Mas hoje, como é Dia dos Namorados no Brasil, acho que vou viralizar porque vou falar de amor!
Primeiro vou falar da minha história de amor: vi meu marido a primeira vez em 1981, na entrada de um show, achei gato e nos olhamos, ele acompanhado e eu solteira; em 1982, ambos jovens estudantes de medicina, nos encontramos em Congresso de Fisiologia no Rio de Janeiro, ele de namoro terminado e eu, solteira. Namoramos enquanto estávamos lá. A vida seguiu rumo, ele casou-se teve um filho, e eu continuei solteira e namorando muito e muitos. Em outubro de 1985, voltamos a nos encontrar, ambos terminando o curso de medicina, ele separado e eu, solteira, tinha terminado recentemente um namoro. Desde então estamos juntos, fomos morar juntos em 1990, e em 2016, por questões práticas, nos casamos oficialmente. Parece ficção, mas não é. Isso é vida real. São 37 anos de amor, cumplicidade, parceria, sonhos comuns e sonhos individuais. Conquistamos nossos objetivos profissionais juntos (somos mestres, doutores, professores universitários), decidimos e moramos em Paris, quase dois anos, fazendo mais uma especialização, viajamos por muitos países juntos, depois viajamos com nossa trupe, nossos filhos que demoraram chegar, mas chegaram com muita alegria, Mathias que tem 16 anos (filho da minha alma), e Arthur e Anaïs que nasceram quando a mamãe aqui já tinha 48 anos. Quem nos conhece sabe que somos diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos. Sabemos que somos independentes, mas que juntos somos muito melhores.
E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás... Seremos...
Agora que falei da minha história de amor, que tal falar do amor e do coração? Antes de tudo, simbolicamente o coração é o órgão do amor, embora saibamos que as emoções começam no cérebro. Mas, ninguém fala meu cérebro “bateu descompassado”, e sim meu coração bateu descompassado quando vi fulano (a), ou meu peito está doendo de saudades. Tudo isso pode ser explicado “pela fisiologia do amor e da paixão, que são emoções diferentes.
Como cardiologista, é claro que de coração eu entendo. Isso ninguém duvida.
“A paixão tem reações que o amor desconhece”. Vem aquela sensação de coração acelerado, mãos suando, friozinho na barriga como tivéssemos “borboletas no estômago”? Essas são reações físicas acontecem se está diante do objeto da paixão. “Diferentemente do amor, a paixão desperta sensações de desejo e conquista, e provoca intensas reações psicológicas e fisiológicas. Essas reações normalmente duram poucos segundos (ainda bem) e afetam profundamente nosso corpo. Se ficássemos apaixonados o tempo todo, o nosso sistema cardiovascular não suportaria “emoção.”
As reações à paixão são intensas.
Sob efeito dos hormônios e neurotransmissores, começam as reações pelo organismo:
Coração bate forte: aceleração dos batimentos cardíacos, que chegam a 150 batimentos por minuto.
Rubor facial: a dilatação nas artérias do rosto causa um aumento do fluxo sanguíneo na região.
Mãos geladas: a distribuição de sangue no corpo sofre mudanças e as regiões periféricas – como mãos e pés – passam a ter menor fluxo sanguíneo.
Suor frio: o corpo todo esquenta. Para baixar a temperatura, as glândulas sudoríparas aumentam a atividade.
“Borboletas na barriga”: o tubo digestivo aumenta o ritmo de trabalho.
Além disso, neste estado, há diminuição da produção de serotonina (neurotransmissor que regula humor, sono, apetite, ritmo cardíaco e temperatura corporal), o que deixa o apaixonado mais ansioso. Também há uma baixa ativação do lóbulo frontal, responsável pelo raciocínio lógico.
Felizmente, paixão tem prazo de validade, dura de 03 a 48 meses. Depois vem o amor!
E o amor?
Primeiro “sintam” este poema de Carlos Drummond de Andrade.
Quarto Em Desordem
Na curva perigosa dos cinqüenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor
que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar
a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo
verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama.
Ficaram emocionados? Eu sempre fico quando leio este poema que conheci aos 13 anos, declamado por Juca de Oliveira. Vale lembrar que eu estava vivendo minha primeira paixão adolescente e eu trocava a palavra cinquenta por treze. O poema perdia em ritmo, mas ganhava em emoção: o meu coração entrava sintonia com a poesia de Drummond.
Por que que o amor faz bem ao coração?
Ajuda a controlar a sua pressão
Na análise da relação entre casamento, saúde física e longevidade, pesquisadores do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos observaram que pessoas casadas têm menos riscos de desenvolver doenças cardiovasculares e apresentam pressão arterial mais baixa.
Além disso, estudo realizado pelo Colégio Americano de Cardiologia demonstrou que 3,5 milhões de voluntários solteiros, casados e viúvos, aqueles que tinham menos de 50 anos e um cônjuge apresentavam 12% menos riscos de ter uma doença vascular. Entre casais de 51 a 60 anos e em comparação aos colegas que não tinham um parceiro, a redução era de 7%.
Você se sente seguro
De acordo pesquisa realizada na Universidade de Harvard, a ocitocina — conhecida como o hormônio do amor e liberada com o contato físico de um abraço, beijo ou durante o sexo — intensifica a ligação com o (a) companheiro (a) e causa as agradáveis sensações de calma, alegria e segurança. Sentimentos positivos estão ligados à longevidade, menos estresse e menor risco cardiovascular.
Você fica mais feliz
Além da ocitocina, a dopamina, o neurotransmissor do prazer, está bastante presente no corpinho de quem está amando. Pesquisadores analisaram 2,5 mil imagens dos cérebros de 17 pessoas que diziam estar a fim de alguém. Quando elas olhavam para a foto do amado ou amada, duas regiões cerebrais relacionadas à dopamina eram ativadas. A pessoa apresentava sensação de plenitude e se acalmava, o coração batia mais suavemente.
E como poeta e escritora, acredito que também entendo de amor. Meu poema abaixo dá nome ao meu livro de contos “Do Amor e do Amar: histórias de mulheres reais como você”, um livro que fala de verdade sobre amar e suas peculiaridades. Pode ser encontrado como livro físico e e-book na Amazon.
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Hoje você vai vitalizar e muito. Viva o amor em todas suas formas.
Já conhecia um pouco desta história mas gostei de ler amiga !